quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009


Ouve-me,ouve meu silêncio.
o que falo nunca é o que falo e sim outra coisa.
capta essa outra coisa de que na verdade falo
porque eu mesma não posso.

Clarice Lispector

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009


Eu poderia. Mesmo que diante do corpo e da alma eu ficasse sem graça e muda, eu poderia tanto te fazer sentir.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


Não bastava se encolher. Pelo soluço passado, pela lágrima sempre tão fácil e sempre tão pesada, incompreendida dizias. Ela resolveu ir, ir pra longe.

Ninguém soube, ninguém se quer percebeu essa ausência,e ela mesma se deixou sem vestígios pra voltar. Quantas bobagens eram ditas! Em menos de dois mêses ela batia na minha porta, me olhava de frente, limpa e irônica, como quem sai de um vício podre. E o menos incrível, é que ela era eu.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


-É tão meu que dói falar.

-Sopra.

-Mas se o que doer não arder, se o que doer for exatamente calmo e quieto?

-Sopra forte, até fazer barulho.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009


Saudade do que nunca se teve, do que poderia ter sido e não foi, saudade distante mas nunca esquecida.
Seria mais fácil abandonar a roupa usada, abrir as portas e se permitir aos trajes? Mas e o cheiro? e o toque? e o conforto daquela coisa macia mesmo rasgada? não sei me desfazer assim,e talvez o jeito seja sempre esse acumulo, essas coisas umas por cima das outras. No final quem sabe reste um peso, um casaço nos ombros, uma nostalgia velha e ainda maior, mas também a proximidade e a lembrança, de algo que ficou.
Porque nesse fundo conturbado e cheio de movimentos eu ainda encontro as minhas constantes dores, mas as alegrias também. Passar borracha,seguir em frente? isso nunca foi pra mim meu bem. Continuar é permissível mas apagar não soa bem, é feio e sujo entende?.
Desculpa a forma figurativa de demonstrar essas coisas, mas se não for assim como pode ser? eu não alcanço o pé da letra nunca.

domingo, 15 de fevereiro de 2009


Esse amor sem garantias, sem histórias, sem momentos até. E que mesmo assim me toma de todas as formas criando a esperança penosa e doída. Eu não quero desamar, mas amar demais tem me me tirado os dias, juro que sim. Não sei porque é tão difícil distanciar-se de coisas que nunca foram nossas, mas que foram minhas da meneira mais inteira e bonita. Que essa coisa de reciprocidade nunca teve muito ao meu favor, mas que eu insisto diariamente em qualquer volta. Talvez por essa razão eu sempre acabe em mim, pra ter pelo menos esse silêncio estático, com falhas e ausências mas completo ao meu máximo, esse que diz ora ser abismos e ora diz ser passos. Palavras, coração, mecanismos demais. Eu quero fugir disso, dessa coisa cercada e dita, que sufoca tanto... sem me deixar abrir qualquer porta, ainda que as janelas sejam visíveis pra mim.